terça-feira, 9 de novembro de 2010

O temperamento como traço cultural do Equador

Neste final de semana, fui a um treinamento de membros novos da AIESEC em Quito, que fica na Pontifícia Universidad Católica Ecuatoriana. Neste treinamento, chamado aqui no Equador de Seminario de Motivacion e Formacion, tive a oportunidade de facilitar uma sessão sobre a minha experiência de liderança no Brasil, e como aquilo havia agregado para minha formação como profissional. A sessão foi em portunhol, mas o pessoal pareceu entender como uns 80%.

Além desta experiência, o SEMOFO também me permitiu observar outro aspecto muito presente na cultura Equatoriana: o temperamento forte. Durante o evento, ocorreram alguns desentendimentos entre o Presidente da AIESEC PUCE, Stalin, e o Comitê Organizador, formado pelo Alejandro e pelo Edward. Ao final do evento fomos eu, o comitê organizador e o corpo executivo da AIESEC PUCE a uma sala para "aparar as arestas". Pelo que eu entendi, já que apenas entendo 70% do que o pessoal fala por aqui, ambos tinham suas razões. Enquanto o Comitê Organizador havia passado por cima de ordens do Corpo Executivo, o Presidente também havia se exaltado na frente dos membros e sido autoritário. Quando Stalin sugeriu que iria convocar uma assembléia para pedir o desligamento do Alejo e do Edward, ambos levantaram-se e demitiram-se na mesma hora. Os equatorianos, ao que me parece, não suportam situações em que seus valores e suas crenças são colocados à prova, e vão até as últimas consequências para garantir o que, na visão deles, seria sua honra.

E assim tem sido em algumas situações aqui no País. Logo que cheguei, um dos membros da diretoria nacional da AIESEC no Equador se demitiu, alegando motivos que não valem a pena ser expostos mas que também feriam o que ele considerava correto. Quando na situação em que Rafael Correa, o Presidente do Equador, teve que declarar estado de exceção no país por causa de uma revolta que - em tese - deveria atingir apenas policiais e militares, o povo estava na rua brigando pelo que considerava o correto. Provavelmente nenhum dos estudantes da PUCE, por exemplo, fosse realmente afetado pela diferença que a mudança nos salários da polícia ia fazer; mas muitos estava ali protestando pelo que, em sua visão, seria justo.

Para mim foi muito interessante verificar este traço que me parece estar arraigado na cultura do país, e que deve explicar o fato de ser um país com histórico recente de ter deposto presidentes do cargo e, até, assassinado alguns. Talvez este esteja sendo o meu maior choque cultural até agora.

Yo te dare Liga hermosa - No sábado eu e o Luís fomos ao jogo da LDU contra o Deportivo Cuenca. O jogo estava sendo considerado como a final do campeonato nacional, já que a Liga estava em primeiro e o Cuenca em segundo. O resultado foi 2x0 para a Liga e a certeza de que se eu montasse um time do bairro em São Paulo a gente não fazia feio no Equatorianão.

Comemoração - Sexta foi aniversário do meu pai, e ele nos ofereceu uma comemoração aqui no Equador. Fomos todos a um restaurante típico do Equador, foi muito bom. Obrigado, pai! Para agradecer, os membros do MC cantaram parabéns para o "Mauricinho" via skype. As fotos estarão em breve no meu flickr, que você pode conferir aí ao lado.

Updates do trabalho - Sentei este final de semana com o Luís para formatar um projeto de Intercâmbios de Desenvolvimento, com data de realização para fevereiro'11. Se você quer vir ao Equador, me contate que esta é a hora :). Posso te garantir que a qualidade do intercâmbio aqui é muito boa. Hoje também saem as postulações para o Comitê Nacional, com todo o material de promoção que eu estou fazendo. Se pensam em se postular para um MC, saibam que aqui é um grande desafio e que vai agregar muito à sua experiência :).

Beijos,



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